Associação Portuguesa das Artes e da Cultura

Leonor Cruz de Carvalho

pintora

Quer o processo de desconstrução, quer o processo de construção fazem parte daquilo que é ser humano. Desconstruir aquilo que recebemos, guardar os fragmentos que mais nos importam, das coisas que mais nos dizem. Desde pequena, que Leonor, naturalmente e inatamente, guardou da sua mãe, Coca Froes David, pintora, aquilo que é uma paisagem. Pelo conceito, pela estética, pela capacidade de captura. Do seu pai, agricultor, aprendeu a cor verde: o saber o solo e a terra, o sentimento de responsabilidade pelo redor, no fim, um respeito maior pela Natureza.

Quando levava os livros para a escola, guardava em casa o hábito do desenho e da pintura, que retomava, pela tarde, quando repousava os livros obrigatórios. Rapidamente, a arte tornou-se hobbie. Depois, quando escolheu a sua área de estudo predileta, ainda no liceu, a arte tornou-se caminho.

Já na faculdade, Leonor optou por ser arquitecta paisagista, concluído os estudos em Lisboa. De volta a Évora, a sua terra berço, e já a trabalhar na área, Leonor viu o seu hobbie perder-se no, cada vez menor, tamanho dos dias. Foi em 2020, durante o confinamento, que voltou a restabelecer uma ligação com o seu eu artista. Pegou em tintas, papel e caneta. Desconstruiu e recortou obras antigas. Colou e recriou. Deu vida ao velho, em forma de paisagens e assim, à luz de uma criatividade renovada e pela força da cola nasceu o projecto “Fragmented Landscapes”, colagens em formato A4 e A3. 

Mais tarde, com o confinamento terminado e o primeiro projeto na rua, Leonor dedicou-se ao “Leo Is Not My Sign” que, num primeiro ponto, começou por ser uma página de partilha dos seus trabalhos. Agora, é, para além da plataforma onde interage com o seu público e recebe encomendas, um espaço de criação multidisciplinar , lugar onde o desenho, a pintura e o trabalho gráfico se encontram, criando uma tríade que traduz a proposta de valor de Leonor Cruz de Carvalho enquanto criadora de arte e designer.

De olhos postos no futuro, e recordando episódios do passado, hoje, a artista apela à democratização da arte, e da sua arte “já na plenitude dos meus dez anos sabia que, infelizmente, seria pouco provável conseguir comprar toda a arte de que gostava (…) é por isso que tento vender o que faço a um preço simpático).

Leonor diz não ter um plano alinhavado para o futuro do projecto, no entretanto, a criação começa a ganhar peso no seu cotidiano, tamanho nas suas ideias e lugar maior nas suas ambições. Até novo projecto, Leonor tem no abstracto casa mãe para as suas criações na tela, que vivem de pinceladas ocre, térreas e cheias, lembrando um rio vivo que se deita num mar de azuis, sob forma de delicados contrastes de cor. Na colagem, descobre-se a Natureza. Folha sobre folha, papel sobre papel, lemos o verde, que aprendeu na sua infância, reflectido nas suas construções descontruidas. Paralelamente, as texturas começam a revelar-se um potencial caminho para novas peças, que vão, devagarinho, ganhando pele e dimensão através do uso de granulados e areia.

O trabalho da artista pode ser consultado na página de instagram leoisnotmysign_art.

Mara Bento

Mara Bento

Mara Bento nasceu em Évora, corria o ano de 1993. Cresceu também no Alentejo, sítio onde aprendeu a gostar de letras, leitura e livros. Diz que a inspiração lhe nasce sempre deste sítio bonito e confortável.
Crescida, licenciou-se em Publicidade e Marketing, pela Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, antes ingressou na FCSH. O seu trabalho profissional está intimamente ligado ao mundo das letras, quer pela escrita de artigos quer pelo trabalho de copywriter.

Mara Bento

Mara Bento

Mara Bento nasceu em Évora, corria o ano de 1993. Cresceu também no Alentejo, sítio onde aprendeu a gostar de letras, leitura e livros. Diz que a inspiração lhe nasce sempre deste sítio bonito e confortável.
Crescida, licenciou-se em Publicidade e Marketing, pela Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, antes ingressou na FCSH. O seu trabalho profissional está intimamente ligado ao mundo das letras, quer pela escrita de artigos quer pelo trabalho de copywriter.